Na década de 80, o mundo se encantou com o filme E.T. Extraterrestre. O roteiro do longa metragem dirigido por Steven Spielberg, narra a história de um extraterrestre, vindo de uma civilização mais avançada. Por um acidente, esse ser vem parar na Terra. A mensagem central do filme baseia-se no duelo entre crianças que amavam esse ET, versus, cientistas que gostariam de estudar esse ser tão anormal.
O interessante, é que os vilões de E.T. não são apenas cientistas que querem o progresso científico. São cientistas que estão dispostos a fazer com que o amor desapareça completamente, em nome do progresso científico. Dois anos depois do lançamento de ET, outro filme possui o roteiro semelhante. Splash Uma Sereia em Minha Vida conta a história de uma sereia que chega a uma praia desejosa de amor e carinho. Porém, alguns cientistas desejam capturá-la e dissecá-la.
Entretanto, a capacidade humana de raciocinar, criar, e sistematizar as coisas são consideradas uma das nossas maiores glórias. Em contrapartida, nossa própria razão nos diz que a razão possui limites. Por exemplo, dissecando um sapo, você terá muitas informações e fará descobertas científicas, mas não terá mais um sapo. Se você dissecar uma sereia, ou um extraterrestre, provavelmente fará várias descobertas. Até mesmo poderá ganhar um prêmio Nobel, mas não terá um amigo com quem conversar, dar e receber amor, como ambos filmes propunham.
As melhores e mais brilhantes mentes do governo norte-americano levaram milhares de militares ao Vietnã para lutarem numa guerra sem sentido. Essas mentes possuíam inteligência, mas faltava-lhes sabedoria. Uma das várias definições que sugiro para sabedoria é: O sentimento instintivo de colocar em prática as informações que se tem. O sentimento...
Por falar em sentimentos, os ensinamentos de Freud, pai da psicanálise, diz que tudo o que fazemos possuí uma razão lógica. Porém, provavelmente, esse "tudo" que nós fazemos, possuí uma razão que não conseguimos entender. É como se você fizesse algo, e pensasse: "Por que fiz isso?" e respondesse: "Ora, por que amo". E logo em seguida pensasse: "Mas por que amo?" e simplesmente, ficasse sem resposta. Como disse Blaise Pascal, filósofo, matemático e amante da teologia. "O coração tem razões que a própria razão desconhece".
O que quero discorrer aqui, diz respeito ao duelo: sentimentos X racionalização. Existem pessoas que tem medo de se abrirem emocionalmente para os sentimentos. Sejam eles de amor, alegria, raiva, ira, entre outros. Essas emoções as fazem perderem o controle de si mesmas. E essa idéia, de ter algo que fuja do seu controle, é extremamente amedrontadora. E mais que isso, a dor diante de uma possível desilusão, as faz se protegerem, usando sua mente brilhante para racionalizar os sentimentos e as relações humanas a um nível nulo. A um nível de "indiferença" em relação aos sentimentos.
Às vezes, quando estou (de passagem) por algum lugar, me pego pensando, sobre o que é realmente mais benéfico. Abrir-se e correr os riscos da felicidade e da desilusão, ou fechar-se e não aproveitar tanto da felicidade, quanto da desilusão. O que é realmente melhor? Alguns soldados da segunda guerra mundial, não possuíam amigos. Eles simplesmente decidiram não se apegarem ao soldado da beliche ao lado. Por que sabiam que, no próximo dia, seu novo amigo pelo qual tinham tanto carinho, poderia morrer, e isso o traria muito sofrimento.
E você, como age? Como sente? Como vive?
Gostaria que esse texto fosse um diálogo entre texto e leitor, para isso, preciso do seu comentário, dê sua opinião!
No próximo post, falarei sobre como eu ajo, penso e sinto; e concluirei o assunto.
Fonte: KUSHNER, Harold. Quando Tudo não é o Bastante. Editora Nobel, São Paulo, 1999.